terça-feira, 31 de maio de 2011

Gigabyte estreia tablet e notebook


A Gigabyte, ainda pouco presente no país, preparou para a Computex 2011 dois lançamentos de peso — ao menos no papel. O tablet S1080 e o notebook M2432 Booktop têm especificações potentes para suas categorias.
O tablet segue as últimas tendências ditadas por grandes nomes como Apple, Motorola e Samsung. Ele terá tela sensível ao toque de 10,1 polegadas, processador Intel Atom N550 de dois núcleos com 1,66 GHz de frequência e memória RAM de 2 GB.
Para ajudar na performance, o aparelho dispõe de uma placa de vídeo Intel GMA 3150. O armazenamento fica com um disco rígido de 320 GB que vem integrado com o Windows 7 — a parte que pode desagradar possíveis compradores.
Nas conexões o S1080 tem uma coleção invejável: USB 3.0, USB 2.0, Gigabit Ethernet, VGA e leitor de cartões. Só faltou uma HDMI. Além disso, o tablet tem ainda Wi-Fi n, Bluetooth 3.0 e câmera frontal com resolução de 1,3 megapixel.
Lista incompleta
O notebook terá CPU Intel Core i5 com o recurso Turbo Boost 2.0, que pode aumentar a velocidade de processamento do aparelho. Sua tela tem 14 polegadas e resolução de 1366 x 768 pixels. Ela é retroiluminada por LED.

Além disso, sabe-se que o aparelho terá placa de vídeo dedicada Intel HD 3000, portas USB 3.0 e sistema de áudio produzido pela THX. Outros detalhes serão divulgados até o lançamento dos dois produtos, ainda sem previsão.

O iPhone virou máquina de cartões

Aterrissou no INFOlab um exemplar do Square, dispositivo criado nos Estados Unidos para transformar smartphones em máquinas de cartão de crédito.
O Square que recebemos por aqui é este quadradinho aí em cima, com menos de cinco centímetros de altura. Para usá-lo basta plugá-lo na entrada de fone de ouvidos do iPhone.
Ainda é preciso baixar o app do Square e preencher um cadastro rápido, como nome, endereço e número da conta bancária para receber recursos. A partir daí, qualquer profissional liberal pode cobrar seus serviços via cartão de crédito.
Atualmente, o Square suporta as bandeiras Amex, Visa e Mastercard.  Não há taxas mensais. O faturamento da companhia vem de cobranças mensais de 2,75% de cada operação efetuada.
Até a exigência do usuário assinar a fatura do cartão pode ser cumprida no iPhone. O aplicativo permite ao consumidor assinar digitalmente um documento na tela do celular.

É um recurso promissor, especialmente porque não deve ficar restrito a uma única plataforma. Androids, Nokias, Windows Phones e BlackBerries devem ganhar aplicações semelhantes.
Para nós, o principal defeito da tecnologia é que ela ainda não está habilitada para funcionar no Brasil. Ou seja, só dá para receber recursos se o usuário associar seu login a uma conta bancária nos Estados Unidos.
Nada que algum concorrente do Square não resolva facilmente para ganhar o mercado brasileiro.

Mil litros de petróleo vazam no Rio


Cerca de mil litros de petróleo vazaram para o mar de uma plataforma da Petrobras na Bacia de Campos, no norte fluminense, de acordo com informação divulgada hoje (31) pelo Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense.
O diretor de Comunicação do sindicato, Marcos Breda, disse que o acidente ocorreu na tarde de ontem (30), durante uma manobra de transporte de petróleo da plataforma P-08 para a Plataforma Central de Enchova (PCE-1).
Segundo ele, o vazamento ocorreu em cinco pontos da plataforma e deixou inoperantes as bombas de incêndio da unidade, o que teria paralisado a produção da PCE-1 até a noite de ontem. Breda afirmou que o sindicato vai enviar ofício à Petrobras cobrando explicações sobre o acidente.
Ele considerou que o acidente está relacionado com o fechamento da plataforma P-65, interditada por motivos de segurança pelo Ministério do Trabalho no último dia 26, pois seria ela que receberia originalmente a carga de petróleo.
A Petrobras informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que deverá divulgar uma nota se pronunciando sobre o assunto.

Enem recebe 320 mil inscrições por dia


Em duas semanas, a página virtual do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) registrou a média de 320 mil inscrições por dia, totalizando 2.562.735 incrições até o meio-dia de hoje (31). O prazo para se inscrever no exame vai até às 23h59 do dia 10 de junho, sem previsão de prorrogação.
De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), o pico de acessos ao sistema ocorreu logo no primeiro dia de inscrições, quando 594 mil estudantes acessaram a página do Enem na internet para participar do exame. Em 2009, o Ministério da Educação (MEC) deu início a um projeto de substituição dos vestibulares tradicionais pelo Enem. A partir do resultado da prova, os alunos se inscrevem no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e podem pleitear vagas em instituições públicas de ensino superior de todo o país.
A participação no Enem também é pré-requisito para os estudantes interessados nas bolsas do Programa Universidade para Todos (ProUni), que são distribuídas a partir do desempenho do candidato no exame e que podem ser integrais ou parciais, dependendo da renda da família.
A taxa de inscrição do Enem custa R$ 35, mas alunos matriculados no terceiro ano do ensino médio em escola pública não pagam. Até agora, já se inscreveram 509 mil estudantes nessa situação. Além dos alunos que estão concluindo o ensino médio em escola pública, cerca de 1 milhão de candidatos também estão isentos da taxa por comprovar situação de carência. Do restante, apenas 45 inscritos efetuaram o pagamento da taxa, que pode ser feito em qualquer agência do Banco do Brasil até 13 de junho. O participante pode acompanhar a validação da inscrição pela internet.
A Região Sudeste concentra o maior número de inscritos (955 mil), seguida do Nordeste (821 mil), Sul (300 mil), Norte (245 mil) e Centro-Oeste (239 mil). A maioria dos participantes do Enem 2011 tem entre 21 e 30 anos e 1,5 milhão já concluíram o ensino médio.

A fonte de energia para o futuro da humanidade pode estar escondida dentro de um minúsculo cilindro dourado que cabe na ponta de um dedo... e que é usado como alvo para os quase duzentos feixes do laser mais energético do mundo.

Energia

Há várias décadas que os cientistas perseguem o sonho de conseguir replicar em laboratório e de forma controlada a fusão nuclear - o mecanismo natural através do qual as estrelas produzem a sua imensa energia. Para isto, é preciso pegar em dois isótopos do elemento hidrogénio e obrigá-los a fundirem-se, formando hélio e liberando energia. Mas esta união é muito difícil de atingir, devido à repulsão mútua dos isótopos, e as condições físicas em que esta se consegue ultrapassar são extremamente sensíveis.
Um dos  principais métodos considerados para se tentar alcançar a fusão é o chamado confinamento magnético, em que um anel de plasma - um gás ionizado - é mantido a altas temperaturas num volume restrito. Um exemplo de um sistema deste tipo é o projecto internacional ITER , agora em desenvolvimento no sul de França. O outro método é a fusão por confinamento inercial, em que um pequeno alvo atestado de "combustível" nuclear é irradiado por um grande número de feixes laser de alta intensidade, comprimindo-o de modo a que as condições para se obter fusão sejam atingidas no seu núcleo. Também na Europa, está em desenvolvimento o projecto HiPER , que explora esta via alternativa. (Portugal é representado em ambos os projectos pelo Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear , unidade de investigação do Instituto Superior Técnico , Lisboa)
Agora, num artigo publicado na revista Science desta semana, cientistas do Laboratório Lawrence Livermore , na Califórnia, dão conta de um avanço significativo na tentativa de atingir fusão nuclear usando lasers. Para isso, usaram aquele que é o maior laser do mundo - o mega-projecto National Ignition Facility (NIF) - que foi inaugurado em Maio de 2009 e começa agora a dar os primeiros resultados de sucesso. O NIF, cuja construção se iniciou em 1997, tem um total de 192 feixes laser de alta energia, gerados ao longo de uma cadeia de amplificação que ocupa um espaço equivalente ao de três campos de futebol. O coração do NIF consiste numa enorme câmara de aço esférica, com três andares de altura, onde cada um dos feixes entra por uma pequena janela e é focado no centro. Aqui encontra-se o pequeno cilindro dourado, chamado hohlraum, cujo interior é iluminado de forma simétrica pelo total dos feixes (ver imagem). A energia luminosa que atinge este alvo é de 1.8 milhões de Joules, concentrada em impulsos cuja duração é inferior a um centésimo de milionésimo de segundo. Desta vez, ainda não foi utilizada toda a energia - apenas cerca de 40%. Mesmo assim, trata-se de um novo recorde mundial de energia produzida por um laser, sendo 20 vezes superior ao máximo atingido anteriormente. E a colossal potência equivalente seria suficiente para fazer evaporar num segundo toda a água de 50 piscinas olímpicas.
Na fusão por confinamento inercial, os feixes laser criam um "banho" de raios-x dentro do hohlraum, em cujo interior está colocada uma micro-cápsula contendo o combustível. O raios-x fazem com que a cápsula seja comprimida e a sua temperatura se eleve de forma quase instantânea até milhões de graus. As densidades atingidas levam a que se dê a fusão dos átomos no seu interior. Se a energia libertada for superior a toda a  energia que foi investida para a produzir, temos uma fonte eficiente.
Espera-se que este processo seja a chave para se atingir a fusão, só que o caminho até lá se chegar está cheio de dificuldades técnicas. Por exemplo, a irradiação do alvo tem que ser feita de forma extremamente simétrica e homogénea, já que quaisquer desequilíbrios perturbam e inviabilizam o processo. Outro problema que preocupa os investigadores há três décadas tem a ver com o plasma criado pelos lasers dentro do hohlraum. Acontece que os lasers são de tal forma intensos que, ao interagirem com o interior do pequeno cilindro, vaporizam a sua matéria, criando uma "sopa" de partículas carregadas entre as suas paredes. Pensava-se que esta "sopa" de plasma actuaria como um nevoeiro, prejudicando a capacidade da cápsula ser uniformemente iluminada, e afectando inevitavelmente a eficiência de absorção da luz.
O que as recentes experiências realizadas no NIF demonstraram é que o plasma não reduz a capacidade de absorção de energia como se temia, mas que até pode ser manipulado favoravelmente de forma a optimizar a iluminação da cápsula e a uniformidade da compressão. Foi uma prova dramática de que aquele que se receava que fosse um dos principais problemas pode afinal ser ultrapassado. É um dos resultados mais promissores em toda a história da fusão nuclear.
Entretanto, uma vez concluída esta fase de demonstração, os investigadores do NIF contam iniciar em Maio as experiências com alvos efectivamente carregados de combustível, e utilizando a 100% a energia que pode ser produzida pelo sistema. Com estes parâmetros, eles estão convictos de que a demonstração de fusão nuclear pode estar para muito breve. No ano em que se comemoram os 50 anos da invenção do laser, seria um presente a condizer.

domingo, 29 de maio de 2011

Livros digitais são destaque da Feira de NY



As editoras norte-americanas se reuniram em Nova York nesta semana para promover o que haverá de melhor no próximo ano, num evento em que cada vez mais a atenção se volta para a crescente influência das publicações digitais.
As editoras participantes da BookExpo America concordam que, mesmo que a indústria editorial esteja perdendo dinheiro em geral, o aumento das vendas de e-books e leitores eletrônicos estão oferecendo aos investidores uma oportunidade de apostar em vencedores e perdedores do futuro do setor, onde os livros impressos podem se tornar obsoletos.

Enquanto as empresas digitais estavam ainda relegadas a um canto do enorme espaço de exposição da feira, o número de editoras e de tráfego na área aumentou muito, com o mundo editorial admitindo que os livros e leitores eletrônicos estão aqui para ficar.
"Eu brincava, chamando isso de gueto digital", disse o executivo-chefe da Kobo, Michael Serbinis, que lançou uma edição nova de seu leitor eletrônico nesta semana, por 129 dólares.
A empresa canadense, que também vende livros online e tem aplicativos para dispositivos móveis, anunciou nesta semana que fechou uma rodada de investimentos de 53 milhões de dólares.
No primeiro trimestre de 2011, as vendas de livros eletrônicos aumentaram mais de 159,8 por cento, para 233,1 milhões de dólares, de acordo com a associação de editoras americanas.
No mesmo período, os livros impressos tiveram uma queda nas vendas de 23,4 por cento em comparação ao ano anterior. A livraria online Amazon anunciou neste mês que agora vende mais e-livros do que livros de papel.

Google terá que indenizar usuária do Orkut


O Google Brasil foi condenada a indenizar em R$ 30 mil uma usuária do Orkut por danos morais.
Segundo a nota divulgada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Viviane Thebas Bóia teve o seu perfil na rede social invadido em 2005. Fotos e dados pessoais da internauta foram violados.
O invasor criou um perfil falso da usuária. Na página, ela era ofendida e associada a vulgaridades, inclusive tendo o seu nome modificado. A usuária só soube do ocorrido após ser alertada por amigos. 
De acordo com o TJ-RJ, Viviane entrou em contato com os responsáveis pelo site solicitando a imediata retirada do ar do perfil fake, mas não obteve sucesso em seu pedido.
Em sua defesa, o Google alegou que apenas hospeda o domínio Orkut, afirmando não ter sido ele, Google, o autor das ofensas dirigidas à usuária. Alegou, ainda, não possuir capacidade técnica para monitorar todas as informações publicadas pelos usuários da rede que venham a causar danos a outros.
Contudo, em sua decisão, a desembargadora relatora Célia Maria Vidal, da 18ª Câmara Cível do tribunal concluiu: “o fato reflete a falta do dever de cautela na contratação e a falha no dever de segurança nos serviços prestado aos consumidores, permitindo a inserção de conteúdos lesivos aos usuários, sem nenhum monitoramento".

O telescópio espacial Spitzer flagrou cristais verdes caindo como chuva sobre uma estrela ainda em formação. Esta é a primeira vez que um evento como este é observado nas chamadas protoestrelas – embora já tenha sido visto em outros locais, como discos de formação de planetas, por exemplo.


O telescópio espacial Spitzer flagrou cristais verdes caindo como chuva sobre uma estrela ainda em formação.
Esta é a primeira vez que um evento como este é observado nas chamadas protoestrelas – embora já tenha sido visto em outros locais, como discos de formação de planetas, por exemplo.
Os astrônomos ainda debatem como os cristais, de um mineral verde chamado “olivine”, chegaram até lá. A hipótese mais aceita é a de que eles foram expelidos por jatos da própria estrela.
É preciso uma temperatura quente como a lava para formar tais cristais; eles provavelmente foram formados na superfície da estrela e carregados para a nuvem de gás e poeira que a cerca. Lá, com temperaturas muito mais frias, eles acabaram caindo “como purpurina” (segundo a definição dada pela própria Nasa).
A protoestrela observada é a HOPS-68, na constelação de Orion.

"Combustão ao contrário revoluciona energia"


A tecnologia de baterias poderá passar por uma revolução no futuro, mas, enquanto isso não acontecer, os combustíveis líquidos permanecerão como a forma de energia mais concentrada e eficiente disponível para suprir as necessidades da humanidade.
Utilizar a energia do sol para transformar os resíduos da combustão em insumos para a fabricação de novos combustíveis líquidos é o objetivo das pesquisas de um grupo de cientistas dos Estados Unidos, com coordenação de Nancy Jackson, presidente da Sociedade Norte-Americana de Química (ACS, na sigla em inglês).
Formada na Universidade George Washington em 1979 – ano em que ingressou na ACS –, Jackson concluiu seu doutorado na Universidade do Texas, em Austin, em 1990. Atualmente, é gerente do Departamento de Redução de Ameaças do Centro de Segurança Global dos Laboratórios Nacionais Sandia.
A equipe de seu laboratório já está trabalhando na engenharia do reator capaz de utilizar a energia solar para transformar o dióxido de carbono – produto da queima de combustíveis como gasolina e etanol – em monóxido de carbono, que pode ser utilizado na produção de combustíveis. A reação, portanto, corresponde exatamente ao inverso da combustão.
Agência FAPESP – Por que investir em pesquisas voltadas para a produção de combustíveis líquidos?
Nancy Jackson – Os combustíveis líquidos são muito importantes por várias razões. Uma delas é que, levando em consideração o peso e o volume, há uma energia muito concentrada nesse tipo de combustível. Eles são muito melhores que baterias, que são muito pesadas. Os combustíveis líquidos são leves e densos em termos energéticos. Essa capacidade de armazenar energia explica em parte por que os combustíveis líquidos são uma boa alternativa.
Agência FAPESP – A densidade energética dos líquidos, então, é insuperável?
Nancy Jackson – Sim, pelo menos até o dia em que houver um salto tecnológico revolucionário no desenvolvimento de baterias. Outro fator que torna os combustíveis líquidos muito importantes é a facilidade de transporte. É muito fácil transportar líquidos, porque eles podem fluir e ser bombeados em canos por muitos quilômetros, sem precisar de veículo algum. Eles permitem utilizar a infraestrutura instalada e as tecnologias existentes.
Agência FAPESP – Infraestrutura de transporte?
Nancy Jackson – Sim, podemos aproveitar a infraestrutura já pronta para transportar os combustíveis e utilizá-los em todo tipo de necessidade energética. E, em relação à tecnologia, refiro-me aos motores. Temos motores muito eficientes para o uso de combustíveis líquidos. O problema é que não podemos depender do petróleo para sempre, porque ele vai acabar, ou se tornar muito caro ou impraticável para explorar. Por isso estamos trabalhando no projeto Sunshine to petrol.
Agência FAPESP – Qual é o objetivo do projeto?
Nancy Jackson – Estamos tentando utilizar o dióxido de carbono e submetê-lo ao calor do sol concentrado para atingir temperaturas realmente altas. Com isso queremos transformar dióxido de carbono em monóxido de carbono, retirando um átomo de oxigênio da molécula.
Agência FAPESP – Como isso é feito?
Nancy Jackson – Desenvolvemos um reator, com um disco de mais de quatro metros de diâmetro, que capta a luz solar e utiliza seu calor para provocar a reação. O dióxido de carbono é uma molécula muito estável, por assim dizer, muito “preguiçosa”. É difícil fazê-la mudar. É preciso gastar uma grande quantidade de energia para reagir com o que quer que seja. É por isso que estamos tentando usar o sol para alterá-la, para fazer então um combustível líquido. O processo inclui uma série de outras reações muito bem conhecidas e compreendidas. Mas o verdadeiro segredo, o que realmente estamos fazendo de novo, é transformar o dióxido de carbono em monóxido de carbono.
Agência FAPESP – Isso é a combustão reversa?
Nancy Jackson – Sim. Quando usamos combustíveis em nossos carros, o monóxido de carbono é queimado e transformado em dióxido. Estamos fazendo o oposto, como se fosse uma combustão reversa. É uma estratégia de reciclagem. A ideia é poder reciclar o dióxido de carbono várias e várias vezes, produzindo combustíveis a partir do resíduo dos combustíveis.
Agência FAPESP – Só os combustíveis líquidos poderão gerar o dióxido de carbono para ser utilizado no reator?
Nancy Jackson – De modo algum. Nos Estados Unidos, temos a maior parte da energia elétrica baseada em carvão. Queimando carvão, temos uma quantidade gigantesca de dióxido de carbono. Achamos que podemos utilizar o dióxido de carbono que sai das chaminés, transformando-o em combustíveis líquidos. Também temos muito dióxido de carbono quando fermentamos a cana-de-açúcar para fazer etanol. Para cada molécula de etanol, é produzida também uma molécula de dióxido de carbono.
Agência FAPESP – Seria então uma estratégia ideal para ser utilizada em combinação com várias alternativas energéticas?
Nancy Jackson – Isso mesmo. O método seria empregado em conjunto com o uso de etanol de cana-de-açúcar, carvão, gás natural, plantas e assim por diante. Quando se queima tudo isso, é gerado o dióxido de carbono. Há outros grupos de pesquisa que estão aprendendo como separar o dióxido de carbono a partir do ar. É o que as plantas fazem: usam o dióxido de carbono do ar para crescer. Então há diferentes maneiras para conseguir o dióxido de carbono. Essas tecnologias já existem.
Agência FAPESP – Qual será o aspecto desse novo combustível líquido?
Nancy Jackson – Vai ser como o diesel, ou o etanol. Não muito diferente do que temos agora, mas o processo de obtenção é que será muito diferente.
Agência FAPESP – Quanto tempo essa tecnologia levará ainda para ser implementada?
Nancy Jackson – Provavelmente precisaremos de mais uns quatro anos de desenvolvimento de engenharia. Em seguida, entrará o período necessário para o desenvolvimento e o processamento em escala. Estamos falando em algo como sete ou oito anos.
Agência FAPESP – O conceito já está desenvolvido e o que falta é a engenharia e o escalonamento?
Nancy Jackson – Sim. Há ainda muitos desafios, porque a temperatura de que precisamos para mudar o dióxido de carbono, que é tão estável, é tão alta que isso torna difícil a tarefa de definir materiais. Muitos deles não aguentam altas temperaturas e, se esquentamos e esfriamos sucessivamente, a maior parte dos materiais tende a não resistir. Há muitos desafios. O primeiro passo é o mais difícil. E é isso que estamos fazendo agora. 

Diferentemente do Buscapé, que é líder em serviços de comparação de preços no Brasil, o Google não cobra uma taxa do lojista para que seus produtos apareçam na pesquisa. Ele também não aceita pagamentos para que determinadas ofertas sejam exibidas primeiro na lista de resultados. Em vez disso, o site de buscas ganha dinheiro exibindo anúncios associados à pesquisa do usuário. Do ponto de vista do consumidor, o Google Product Search é parecido com outros comparadores de preço. Quando alguém faz uma busca, o serviço mostra uma descrição do produto, o preço mínimo encontrado e uma avaliação (de uma a cinco estrelas) feita pelos usuários. Mais abaixo, vem a lista de lojas com os respectivos preços — cada uma também com uma avaliação dos usuários. No final, ficam os comentários sobre o produto e uma lista de itens similares. Catálogo de produtos - Para participar do serviço, o lojista faz um cadastro no site Central do Comerciante (Google Merchant Center). Depois, seu sistema de comércio eletrônico precisa gerar um arquivo com os dados do catálogo de produtos e mantê-lo atualizado. Os servidores do Google usarão esse catálogo para a pesquisa de preços. A VTEX, empresa que implantou o sistema de comércio eletrônico do Walmart, da Polishop e de outras lojas no Brasil, diz que seus aplicativos já estão prontos para o Google Product Search. “Pelo fato de a inclusão dos produtos ser gratuita, o Google deve atrair mais lojistas do que os sites onde a inclusão é paga, como o Buscapé. É o que aconteceu nos Estados Unidos”, diz Alexandre Soncini, diretor de vendas e marketing da VTEX. Nome mutante - Quando estreou nos Estados Unidos, em 2002, o serviço se chamava Froogle, uma mistura de frugal com Google. Mas os americanos achavam esse nome esquisito. Em 2007, ele foi mudado para Google Products e, depois, para o nome atual. É possível que o Google traduza o nome para o português, chamando-o de Busca de Produtos ou algo similar. O Google Merchant Center já aparece, nos textos em português da empresa, com o nome Central do Comerciante.


Deve estrear no Brasil, nas próximas semanas, o Google Product Search, serviço de comparação de preços disponível nos Estados Unidos e em nove outros países.
O Google já esteve conversando com empresas brasileiras que desenvolvem sites de comércio eletrônico. E algumas delas já preparam as lojas online para fornecer o catálogo de produtos ao comparador do Google.
Diferentemente do Buscapé, que é líder em serviços de comparação de preços no Brasil, o Google não cobra uma taxa do lojista para que seus produtos apareçam na pesquisa. Ele também não aceita pagamentos para que determinadas ofertas sejam exibidas primeiro na lista de resultados. Em vez disso, o site de buscas ganha dinheiro exibindo anúncios associados à pesquisa do usuário.
Do ponto de vista do consumidor, o Google Product Search é parecido com outros comparadores de preço. Quando alguém faz uma busca, o serviço mostra uma descrição do produto, o preço mínimo encontrado e uma avaliação (de uma a cinco estrelas) feita pelos usuários. Mais abaixo, vem a lista de lojas com os respectivos preços — cada uma também com uma avaliação dos usuários. No final, ficam os comentários sobre o produto e uma lista de itens similares. 
Catálogo de produtos - Para participar do serviço, o lojista faz um cadastro no site Central do Comerciante (Google Merchant Center). Depois, seu sistema de comércio eletrônico precisa gerar um arquivo com os dados do catálogo de produtos e mantê-lo atualizado. Os servidores do Google usarão esse catálogo para a pesquisa de preços.
A VTEX, empresa que implantou o sistema de comércio eletrônico do Walmart, da Polishop e de outras lojas no Brasil, diz que seus aplicativos já estão prontos para o Google Product Search. “Pelo fato de a inclusão dos produtos ser gratuita, o Google deve atrair mais lojistas do que os sites onde a inclusão é paga, como o Buscapé. É o que aconteceu nos Estados Unidos”, diz Alexandre Soncini, diretor de vendas e marketing da VTEX.
Nome mutante - Quando estreou nos Estados Unidos, em 2002, o serviço se chamava Froogle, uma mistura de frugal com Google. Mas os americanos achavam esse nome esquisito. Em 2007, ele foi mudado para Google Products e, depois, para o nome atual. É possível que o Google traduza o nome para o português, chamando-o de Busca de Produtos ou algo similar. O Google Merchant Center já aparece, nos textos em português da empresa, com o nome Central do Comerciante.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Por que comprar um tablet?

Por que comprar um tablet?  - Coluna Elis Monteiro
Ele não é um telefone, mesmo que possa fazer chamadas de voz usando softwares específicos; não tem o tamanho confortável nem o teclado de um computador; não  é portátil como um celular; não cabe na bolsa, se esta for pequena; não é perfeito para a digitação de textos, mas quem precisa disso, certo? Estamos falando de um aparelhinho que, a princípio, não só não se encaixa em categoria nenhuma como traz uma série de deficiências. Os tablets ou e-readers como o iPad, da Apple, e o Samsung Galaxy Tab, da Samsung, são os mais novos sonhos de consumo do mundo geek. Não se pode explicar muito bem o que são e para que servem, embora a maioria fique com a boca cheia d’água quando vê um!
 
Há tempos o mercado vem tentando emplacar um aparelho desse tipo. Nunca deu muito certo porque faltava um ingrediente mágico: o mundaréu de aplicativos que fazem com que os tablets sejam um universo de diversão. O pozinho mágico de Steve Jobs também ajudou um bocado e o iPad fez a diferença: abriu as porteiras para os modelos da concorrência tentarem fazer o que sempre fazem –  algo parecido com um produto Apple.
 
O iPad é mesmo “essa coca cola”  toda, isso é certo. Mesmo que a princípio não sirva para nada. Fato é que, depois que se põe a mão em um, ele passa a servir para tudo:ler livros com um conforto relativo (o brilho incomoda um pouco os olhos), jogar, twittar, facebookar, organizar agenda, calendário, tudo com a pontinha dos dedos e numa tela gigante quando comparada à  de um telefone. E como não podia deixar de ser, para fazer inveja nos outros ele é um achado!
 
Os livros e revistas disponíveis na função Books só fazem encher os olhos e, para deixar o consumidor com o gostinho de “quero mais”, é possível baixar muitos exemplares de livros de graça – a maioria já caiu em domínio público, ou seja, não há pagamento de direitos autorais. Depois que se entra na função Books, a sensação é a de estar dentro de uma biblioteca, com direito a estantes e tudo o mais. O aplicativo é muito bem feitinho e é gostoso ver as estantes se enchendo, tal qual na vida real. Falta a possibilidade de marcar a página com a unha, assim como o cheirinho de papel velho que os amantes de livros adoram, mas há compensações, como a praticidade.
 
Passear pela App Store, a loja de download de aplicativos do iPad e do iPhone, é uma gostosa diversão. Encontra-se desde robôs dançantes a gatinhos que arranham a tela, passando por softwares de correção instantânea de fotos e jogos viciantes como o Angry Birds, coqueluche da hora.

Para levar no avião, no metrô  ou no ônibus, nada melhor que uns livrinhos digitais, uma coisa tão louca que, depois que você começa a usar, fica se perguntando como pôde viver sem aquilo até agora. E viveu, e bem, mas sem a delícia de correr com os dedos pela tela, usar um fonezinho para fazer ligações (sim, o iPad 3G também serve para falar, desde que se use o Skype ou outro programa de Voz sobre IP) ou simplesmente jogar Paciência.
 
Brinquedo de gente grande talvez seja a melhor definição para um tablet. Ele não faz muita diferença quando o assunto é trabalho – a não ser que se adote um tecladinho e um apoio para que ele fique na posição de desktop. Eis uma boa saída para quem está querendo aposentar o notebook velho de guerra ou até mesmo, coitado, aquele netbook que chegou há tão pouco tempo e já está sendo posto de lado. O meu está – e agora fico tentando arrumar espaço para tudo isso dentro da bolsa. Porque o iPad é como o iPhone – acaba virando um bichinho de estimação, uma extensão do nosso corpo. Simplesmenfe porque carregam aquilo que mais amamos – as fotos, a organização pessoal, as mensagens queridas, os programas para falar com família e amigos onde quer que se esteja e, claro, um design arrebatador porque, como dizia o mestre Nelson Rodrigues, que me desculpem os feios, mas beleza é fundamental.
 
E antes que perguntem que modelo de tablet vale mais a pena levar para casa – se iPad ou Samsung Galaxy Tab, por exemplo – arrisco-me a dizer, do alto de quem conhece bem os dois, que o iPad é mais bonito, mais vistoso e tem uma maçã lindona nas costas. Mas o Galaxy Tab é mais máquina. Se não fosse a conexão redonda que meu iPad tem com o meu MacBook e com meu iPhone, eu levaria para casa o Galaxy Tab sem pestanejar.

Indício de água gera otimismo de vida alien



Para aqueles que procuram vida em outros mundos, a água em estado líquido talvez seja o principal indicador.
A vida como conhecemos na Terra é baseada em água e carbono. E se organismos podem prosperar em ambientes hostis daqui – gêiseres, fundo de oceanos, lixo tóxico, água muito quente, muito fria, ácida ou alcalina demais _, por que não em outros mundos? Durante anos, cientistas consideraram a água líquida como uma raridade no sistema solar, pois nenhum outro lugar parecia ter os atributos físicos necessários – com a possível exceção de Europa, a lua congelada de Júpiter que provavelmente escondia um oceano subterrâneo.
Porém, os últimos 20 anos de exploração espacial causaram o que o astrobiólogo David Grinspoon chama de “mudança radical” no pensamento.
Parece que a gravidade, a geologia, a radioatividade e compostos químicos anticongelantes – como sal e amônia – conferiram a muitos mundos “hostis” a habilidade de reunir as pressões e temperaturas que permitem a existência de água líquida. E pesquisas na Terra mostraram que, se existe água, pode existir vida.
Em Marte e Vênus, nas luas de Saturno chamadas Encélado e Titã e em dois asteroides do cinturão externo, pesquisadores mostraram que a presença de água líquida é possível – e até mesmo provável. A prova de vida, obviamente, virá quando alguém colocar uma gota de água alienígena num microscópio e identificar um micróbio.
“A vida baseada em água e carbono funciona bem”, afirmou Grinspoon. “Isso não significa que é a única maneira, mas é a única que conhecemos, e isso nos dá algo que buscar”.
Encontrar água no espaço, na forma de gelo, nunca foi um problema. O hidrogênio é o elemento mais comum no sistema solar e o oxigênio não fica muito atrás. Quando o sistema solar se formou, cerca de 4,5 bilhões de anos atrás, um disco de poeira e gás se soltou do sol para criar planetas, suas luas e uma enorme nuvem de cometas, planetoides e outros pedaços de destroços cósmicos. A natureza dotou grande parte desses detritos com uma generosa dose de gelo.
A água líquida já é outra questão. O calor do sol pode derreter o gelo, mas no vácuo do espaço, há muito pouco – ou nada – na superfície dos objetos do sistema solar para manter juntas as moléculas aquecidas. Assim, elas se transformam instantaneamente em vapor d’água. Esse processo é chamado de sublimação.
A física da sublimação é implacável. A água líquida precisa de um delicado equilíbrio de temperatura e pressão. O gelo precisa ser capaz de derreter sem entrar em ebulição, mas a água precisa se manter quente o bastante para não voltar a congelar. Na Terra, com uma pressão atmosférica de 1 atm no nível do mar, a água é líquida entre zero e 100 graus Celsius. Nas partes sem sombras da Lua, onde a pressão atmosférica é zero e a temperatura diurna pode passar dos 127 graus Celsius, o gelo na superfície já acabou há muito tempo.
Mas o gelo sobrevive em temperaturas muito baixas e os blocos de detritos que permanecem nas geladas profundezas do espaço além de Netuno constituem a maior fonte de água no sistema solar hoje. Essas “bolas de neve sujas” retornam ao sistema planetário periodicamente, como cometas. Quando chega perto o bastante do sol, o gelo começa a sublimar, dando aos cometas sua característica cauda de poeira e vapor d’água.
Muitos cientistas dizem que grande parte do gelo no sistema solar interior veio de cometas. Na Terra, impactos de cometas no início da história do planeta podem ter proporcionado esse material bruto, e o Sol e a pressão atmosférica teriam feito o resto. A Terra é o único lugar do sistema solar conhecido onde o estado padrão da água superficial é o líquido. E a Terra é onde a vida prolifera.
Contudo, talvez não seja o único lugar. Grinspoon teorizou que Vênus, cujo espetacular vulcanismo evaporou toda sua água superficial há muito tempo, abrigou umidade líquida nas nocivas nuvens de ácido sulfúrico que cobrem o planeta. Em 2008, a sonda Venus Express, da Agência Espacial Europeia, mediu o vapor de água nas nuvens. Cerca de 48 quilômetros acima da superfície, na névoa venusiana, onde a temperatura fica em torno de 21 graus, extremófilos poderiam encontrar uma zona de conforto.
Outro local improvável para água líquida são os limites exteriores do cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter. Ali, usando telescópios de infravermelho, duas equipes de astrônomos trabalhando separadamente – em 2008 e 2009 – encontraram água na superfície do asteroide 24 Themis, a cerca de 450 milhões de quilômetros do sol. No ano passado, as equipes uniram as forças e descobriram gelo num segundo asteroide, o 65 Cybele. Com 290 quilômetros de diâmetro, ele era 1,5 vezes maior que o 24 Themis, e ficava 72 milhões de quilômetros mais distante.
Para que o gelo perdure em objetos sem atmosfera e tão próximos do sol, é preciso haver um mecanismo para reabastecer o que se perde na sublimação.
Humberto Campins, astrofísico da University of Central Florida e líder de uma das equipes da descoberta, sugeriu que o gelo inconsistente era uma fina cobertura de “geada”, vinda de um reservatório oculto sob o solo superficial dos asteroides.
Quando o asteroide se voltava para o Sol, o calor penetrava a camada superior do solo, fazendo o gelo subsuperficial entrar em sublimação e migrar como vapor d’água até a superfície – onde ele congelava à noite, apenas para sublimar novamente durante o dia. Numa variação desse tema, disse Campins, meteoritos poderiam estar “agitando” o solo superficial do asteroide, consequentemente trazendo o gelo mais próximo da superfície. Este processo é chamado de “jardinagem de impacto”.
“Suspeitamos que algo assim esteja ocorrendo”, explicou Campins, já reconhecendo uma terceira possibilidade: os asteroides podem conter isótopos radioativos suficientes para derreter o gelo bem abaixo da superfície, criando água líquida que escoa para cima antes de se vaporizar. “Seria preciso ter temperatura e pressão suficientes”, afirmou ele.
“Conceitualmente, porém, é possível”. A pressão viria da gravidade interior dos asteroides, permitindo a existência da água assim se os isótopos derretessem o gelo.
A radioatividade é um fenômeno comum, além de uma provável fonte de energia térmica em qualquer região do sistema solar. Outra fonte de calor é a fricção, mais comumente causada por pressão de maré ou pelo oscilar de um objeto em seu eixo.
As evidências de que Europa, lua de Júpiter, abriga um enorme oceano líquido sob sua concha de gelo surgiram, em parte, de observações sugerindo que forças de maré criam calor ao esticar e comprimir a lua enquanto ela gira ao redor de Júpiter numa órbita excêntrica.
Recentemente, cientistas conseguiram estudar as forças de maré bem de perto, durante voos da espaçonave Cassini, da NASA, sobre Encélado, lua de Saturno.
Em 2005, a Cassini descobriu que Encélado, com diâmetro aproximado de apenas 480 quilômetros, estava expelindo grãos de gelo em rachaduras no seu polo sul. Os grãos eram a “poeira” que formava o anel E de Saturno, e cientistas logo começaram a suspeitar que as partículas vinham de uma fonte de água líquida subsuperficial.
“Eu não diria que isso é praticamente uma certeza, mas daria uma probabilidade de 80 ou 90 por cento”, disse John Spencer, cientista planetário do Southwest Research Institute, membro da equipe do espectrômetro infravermelho da nave Cassini. “As coisas podem ser bem mais estranhas do que imaginamos. Basicamente, porém, acho que temos um oceano”.
Uma teoria mais controversa diz respeito à maior lua de Saturno, Titã, rica em hidrocarbonetos. Ali, “vulcões gelados” estariam liberando uma lava lamacenta, composta de água líquida e amônia – ou algum outro composto de baixa temperatura _, que congela sobre a superfície da lua.
“Titã possui dunas de hidrocarbonetos e lagos de metano, e o vulcanismo gelado poderia ser o hidrocarboneto”, afirmou Jeffrrey Jargel, cientista planetário da Universidade do Arizona. “Teríamos de ir até lá para saber com propriedade”. Mesmo assim, acrescentou, “tem de existir gelo de água” em Titã, já que há gelo em todos os lugares do sistema solar onde é frio o bastante. Titã possui uma órbita regular e por isso, a fricção de maré seria mínima. Para que exista água líquida, seria preciso haver uma fonte de calor radioativa e compostos anticongelantes.
Anticongelante era o que Nilton Renno, da Universidade de Michigan, estava procurando para explicar o evento inesperado com o módulo Phoenix, da NASA, nas planícies árticas de Marte em 2008. Propulsores de hidrazina, usados para frear a descida da sonda, arrancaram 18 centímetros de solo superficial marciano, expondo a camada de gelo que existe por baixo.
Contudo, quatro dias depois, algo inesperado aconteceu. Câmeras examinando o gelo identificaram diversos glóbulos, similares a bolhas, nas escoras da espaçonave. Passados alguns dias, a câmera voltou a olhar. Os glóbulos continuavam ali.
Renno, líder da equipe de ciência atmosférica da Phoenix, não reportou a ocorrência imediatamente; mesmo assim, ele suspeitava estar observando gotas de água líquida. Ela deveria ser salgada o bastante para não vaporizar na atmosfera marciana e para não congelar em temperaturas superficiais abaixo dos 30 graus negativos.
Para isso seria preciso haver anticongelante. A fonte mais provável era o sal: “Vamos supor que você enche uma piscina com água salgada”, disse Renno.
“Quando a piscina se resfria e começa a congelar, a água pura se transforma em gelo. A água restante acaba ficando mais salina, e se torna mais difícil de congelar conforme aumenta a concentração de sal”.
As evidências chegaram em dois passos. Primeiro, os instrumentos da sonda encontraram altas concentrações de sal no solo ao redor da espaçonave. Em seguida, três semanas após o pouso, o braço robótico do aparelho cavou um fosso no gelo e descobriu uma camada macia, em contraste com os trechos próximos de gelo rígido que a sonda penetrou com uma broca. A massa lodosa era uma segunda fonte de água e, como a primeira, “provavelmente cheia de sal”, afirmou Renno. “Era quase como um sorvete”.
Enquanto isso, “continuamos tirando fotos” das escoras, e 44 dias após o pouso a maior gota desapareceu, contou Renno. “Ela ficou grande demais e gotejou”.