sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Resgate avança lentamente e contabiliza 548 mortes no Rio


Os trabalhos de resgate das vítimas das chuvas no Rio de Janeiro avançam lentamente devido ao difícil acesso a áreas isoladas por montanhas na região onde já registraram 548 mortes.
Cerca de mil homens participam da operação que conseguiu resgatar mais de 500 corpos entre diversas casas soterradas pelos deslizamentos de terras e onde há um número de desaparecidos ainda indeterminado.
Na manhã desta sexta-feira, quase 20 corpos foram localizados, apesar das autoridades municipais reconhecerem que "ainda há muitos corpos" debaixo dos escombros nas áreas mais isoladas.
"Sabemos que ainda há muitos corpos, mas estamos dando prioridade neste momento ao resgate dos sobreviventes e rezando para que pare de chover", disse David Massena, secretário de Comunicação de Nova Friburgo, na Região Serrana do estado do Rio de Janeiro e uma das cidades mais prejudicadas pelas chuvas.
"Ainda há bairros isolados onde as equipes não chegaram", acrescentou o funcionário.
As autoridades ainda não divulgaram o número oficial de feridos e desaparecidos, e estima-se que mais de 15 mil pessoas estejam desabrigadas.
O prefeito de Petrópolis, Paulo Mustrangi, que criou uma central para facilitar o registro de desaparecidos, afirmou que em poucos minutos foram contabilizados 22 casos.
Segundo os últimos balanços divulgados pelos municípios mais atingidos, as inundações e principalmente os deslizamentos de terra, que derrubaram diversas casas na encosta das montanhas, provocaram 247 mortes na cidade de Nova Friburgo, 238 em Teresópolis, 43 em Petrópolis, 18 em Sumidouro e 2 em São José do Vale do Rio Preto.
De acordo com o Centro para a Pesquisa de Epidemiologia para Desastres da Organização das Nações Unidas (ONU), se trata do pior deslizamento da história do Brasil e da segunda pior catástrofe natural, inferior apenas a provocada pelas inundações de janeiro de 1967, quando as vítimas chegaram a 785, também no Rio de Janeiro.
O número de vítimas das chuvas desta semana pode aumentar muito porque os bombeiros não chegaram a locais isolados pela destruição de pontes e estradas, e pelas toneladas de terra, lodo e pedras que cobriram áreas urbanizadas nas montanhas.
As autoridades também temem um agravamento já que os meteorologistas preveem que as chuvas continuarão nos próximos dias, assim como ocorreu nesta sexta-feira.
"O que nos está angustiando são as próximas horas e dias, já que há previsão de mais chuvas. O problema, além disso, não se resume a esses quatro municípios, há outros que também sofreram pelas chuvas e áreas em risco de deslizamentos", afirmou o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.
A situação também se agravou pelo registro de alguns saques e pela difusão de rumores sobre a suposta ruptura de uma represa e de saques generalizados.
Dezenas de habitantes e até socorristas em Nova Friburgo reagiram com pânico e correria a um boato sobre a ruptura de uma represa localizada a poucos quilômetros da cidade, o que foi rapidamente desmentido pelas autoridades.
Rumores sobre supostos saques também geraram pânico e foram desmentidos pelas autoridades, mas em alguns casos, principalmente nas áreas mais isoladas, foram verdadeiros, como pôde constatar a Agência Efe em conversas com pessoas que vivem em bairros periféricos e que se negam a deixar suas casas.
A situação ficou mais delicada com as dificuldades das concessionárias para restabelecer totalmente os serviços de energia elétrica, provisão de água e telefonia.
Após quatro dias de resgates, algumas regiões continuam sem água e o próprio Governo precisou pressionar as companhias, principalmente as telefônicas, para que acelerassem os trabalhos de reparação da infraestrutura. EFE

Nenhum comentário:

Postar um comentário