quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Encontro do G-20 discute problema cambial entre China e EUA


Dois resultados anunciados nesta quarta-feira ilustram o atual clima de guerra na economia internacional. Em setembro, os Estados Unidos gastaram US$ 44 bilhões a mais do que receberam com o comércio exterior. E a China, ao contrário, em outubro, mais uma vez exportou mais do que importou, e obteve saldo positivo de US$ 27,2 bilhões.
A partir desta quinta-feira, na Coreia do Sul, essa situação vai ser debatida no encontro do G-20, os 20 países mais ricos do mundo.
No complicado mundo das finanças e na quitanda da esquina, vale a mesma lei de mercado. Nesta época do ano, a quitanda está abarrotada de caquis. As concorrentes também, por isso é preciso baixar o preço para atrair o consumidor.
O que acontece com o caqui, acontece com o dólar: para tentar aumentar as exportações, criar empregos e reativar a economia, os Estados Unidos estão produzindo mais dólares. Com isso, a moeda americana se desvaloriza, fica mais barata. E os demais países fazem como os consumidores que se deparam com esta pechinha: compram até certo ponto.
Ninguém enche a geladeira de caquis porque as frutas estragam. Da mesma maneira, não é um bom negócio abarrotar um país de dólares.
O motivo é que a moeda deste país ganha valor sobre a moeda americana, como está acontecendo com o real ou o iene japonês. E seus produtos ficam mais caros em dólar, que é usado no comércio internacional.
A culpa não é só dos americanos: é também da China. Os produtos chineses tomaram conta das prateleiras em todo o mundo, são os mais baratos. Um dos motivos é que os chineses mantêm a moeda deles artificialmente parada, controlada com mão de ferro. Os outros países não conseguem concorrer.
O Brasil criou um escudo para conter a entrada de dólar, aumentando impostos para investidores estrangeiros. Colômbia, Tailândia, Coreia do Sul, Japão, também estão protegendo suas moedas. Está armado o cenário para uma guerra cambial.
Para tentar levantar a bandeira branca, os líderes das vinte maiores economias do mundo se reúnem em Seul. Eles chegam em um clima de acusações mútuas, mas sabendo que têm que evitar o cada um por si.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, que chegou a Seul acompanhado da presidente eleita Dilma Rousseff, defendeu o fim do dólar como a moeda que todos os países usam para fazer comércio e também para fazer poupança. Para evitar este tipo de crise, ele acha que o mundo deve adotar um conjunto de moedas, entre elas o Real.
“Se os Estados Unidos não têm mais vocação para ser a moeda de reserva internacional, talvez tinha que haver um recuo do dólar e um avanço de outras moedas, de modo que nós possamos fazer as transações internacionais não mais referentes ao dólar, ao euro, ao iene, talvez o Real entre a uma cesta de moedas que outras moedas estejam presentes”, declarou o ministro.

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