
Veículo subaquático que encontrou os destroços do vôo 447 da Air France já foi usado pelo governo americano na Guerra do Iraque.
Na segunda-feira, a BEA, agência de investigação de acidentes da França, anunciou que foram encontrados mais pedaços do avião da Airbus A 330 que desapareceu no mar em 1º de junho de 2009, quando saiu do Rio de Janeiro em direção a Paris, matando 228 pessoas.
Após quase dois anos, a quarta tentativa de encontrar os destroços foi bem-sucedida graças ao uso de três veículos subaquáticos especializados, que vasculharam uma área de 10 mil km2 no Oceano Atlântico a cerca de 1.500 km da costa de Recife.
As buscas foram coordenadas pela BEA, mas toda a parte técnica é responsabilidade da empresa privada americana Woods Hole Oceanographic Institution (WHOI) que forneceu o REMUS 6000 – veículo que localizou os destroços do avião a 3900 metros de profundidade.
Pequenos Torpedos
Os REMUS são uma linha de unidades remotas de monitoramento ambiental (Remote Environmental Monitoring UnitS); a versão 6000 possui 71 cm de diâmetro, pesa 884,5 kg e é capaz de operar a até 6 mil metros de profundidade.
Graças a uma bateria de lítio-ion de 11 kWh recarregável o veículo tem autonomia para nadar até 22 horas a uma velocidade de 4 nós (2,06 m/s). Sua locomoção se dá por navegação acústica e sensores internos gravam as informações fornecidas; a combinação de dados desses dois sistemas resultam em um mapa 2D e 3D dos parâmetros ambientais medidos pelo veículo.
navegação acústica usa transponders de 20 a 30 kilohertz aliados a satélites GPS. Cada unidade possui três motores com controles independentes que operam o combustível e dois pares de barbatanas. Dentro do veículo há um mini computador laptop que pode ser pré-programado para seguir uma rota específica ou analisar determinados parâmetros.
Além de um sonar ADCP (Acoustic Doppler Current Profiler) de 12 kHz, o REMUS possui um sonar lateral entre 900 e 600 kHz e uma câmera digital de alta resolução.
O veículo foi inicialmente projetado para monitoramento costeiro, mas já foi usado até mesmo em operações militares. Em 2003, durante a invasão do Iraque, o governo americano enviou REMUS para detectar minas no porto de Um Qasr, no Golfo Pérsico. A eficiência é sua principal vantagem em missões de pouca profundidade, já que cada um dos veículos pode fazer o trabalho de 12 a 16 mergulhadores.
Missão Airbus
A quarta tentativa de achar os destroços teve um custo estimado de US$12,5 milhões – pagos pela Airbus e pela Air France. A equipe de buscas saiu do porto de Suape, no Brasil, em 22 de março e chegou ao local do início da missão em 25 de março.
Após uma semana, um dos três veículos autônomos subaquáticos encontrou o que buscava. Um segundo veículo foi enviado à área para um mapeamento de sonar mais detalhado e para tirar fotos.
Atualmente, os três veículos REMUS estão na área, vasculhando em busca de outras partes do avião – em especial, da caixa-preta. Estima-se que, até agora, mais de US$28 milhões tenham sido gastos com as buscas da aeronave.
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