quarta-feira, 6 de abril de 2011

Mentes artificiais, consciência e outros delírios

De um tempo para cá, alguns cientistas perceberam que o modo mais fácil de fazer uma máquina que imite o cérebro dos animais é dando um cérebro de verdade às máquinas.
Há 4 anos cientistas começaram a analisar por exemplo o cérebro de uma barata e começaram a reduzir o cérebro dela na menor fração possível para interligar a eletrodos de modo que pudesse controlar um corpo artificial de barata. A intenção é dar ao cérebro natural de uma barata um corpo artificial para ver se ela consegue controlá-lo.
Em outro lugar cientistas imobilizaram uma mariposa e usaram seu sistema visual (olhos e cérebro) para rastrear e identificar movimentos. Sem um cérebro real o sistema precisaria muitos e muitos milhões gastos em pesquisas, hardware e software para fazer um feito similar.
Recentemente um feito ainda maior foi realizado, cultivando milhares de células neurais de ratos sob uma chapa  eletrônica, especializada em criar conexões com estes neurônios, outra equipe cientifica criou um cérebro artificial feito de células naturais para controlar um robô.
A pesquisa em cima de um sistema misto feito de células e máquina parece ser o caminho mais fácil para sistemas eletrônicos mais inteligentes.
Com isto o homem vai derrubar mais uma barreira do desconhecido, o cérebro.
Isso também me fez levantar várias questões:

Ser vivo ou não ser? Eis a questão!

Ninguém negará que uma barata, apesar de asquerosa, é um ser vivo. De acordo com o conceito formal para sser um “ser vivo”  ele precisa ter: Crescimento E Metabolismo E Movimento E Reprodução E Resposta a estímulos.
Vou ser sincero que nunca gostei muito dessa definição, eu acredito que um bom conceito seria de OUs e não Es. Mas usando esse conceito, que ao longo do tempo foi tremendamente custurado para se manter, temos então que uma mula (mulas não se reproduzem) ou um homem estéril um caso de não ser vivo. Isso foi remendado corrigido dizendo que para definir reprodução usa-se o indivíduo ou outro similar de sua espécie. Ou seja, uma mula é um ser vivo pois apesar de não se reproduzir seus pais se reproduziam, um homem estéril é um ser vivo pois seus pais e similares são seres vivos.
Usando esse remendo temos que um robô que usa um cérebro de inseto é vivo, pois apesar dele não se preproduzir outro robô pode ser construído para criar robôs-insetos. Aliás, porque não? Pode-se até reproduzir, se ele tiver a capacidade de montar outro robô idêntico (isso já foi feito) ele teria a capacidade de reprodução (que nem chega a ser obrigatória, visto o exemplo das mulas, formigas operárias e homens estéreis).
Seria então um robô um ser vivo? E por que não seria?
Se você tem uma pessoa com uma perna mecânica ela não deixa de estar viva, se ela tem um marca passo no peito também não. O que estamos falando é de dar um novo corpo a um cérebro velho (ou novo se ele foi cultivado em laboratório). Porque então esse corpo e cérebro deixaria de estar vivo?
É claro que o conceito de vida clássico é velho, arcaico e apesar das revisões eu acho ele fraco. A vida como conhecemos só é dessa forma pois aconteceu na Terra. Se houver vida extra terrestre ou se pudéssemos ver todos os seres que já foram extintos, novas exceções seriam demonstradas mostrando o quanto o conceito de vida tradicional é fraco. Aliás o víruspara mim sempre foi um ser vivo, apesar de ficar de fora do conceito tradicional.
Para mim eu considero algo bem mais simples, algo que responde a estímulos é vivo e pronto, simples assim. “Ah mas se for assim uma estrela é um ser vivo” – que seja, só não é o tipo de ser vivo que nos interessa. Acredito que ser vivo é muito vasto para ser definido com um conjunto muito grande de regras, principalmente sabendo-se que não conhecemos todos os seres vivos existentes. De modo que mais importante do que saber se algo é ou não vivo, é saber a que grupo de ser vivo esta coisa pertence.

Consciência

Com os estudos do Miguel Nicolelis onde ele conseguiu fazer uma macaca controlar um terceiro braço ficou claro algumas coisas: entre elas de que a mente nossa não conhece o corpo onde está. Quando nossa mente é gerada ela não tem conciência do corpo que a rodeia, ela não sabe o que é ambiente e o que faz parte de seu corpo. Aos poucos ela detecta os membros e consegue controlá-los através de constante aprendizagem. Algumas pessoas defeituosas que nascem com um membro a mais (um braço ou um dedo) aprende a controlá-los da mesma forma, pois nosso cérebro não é feito para nosso corpo. Ele aprende e usa o que tiver, se tivermos três braços, usaremos os três se nascermos com um, ele fará uso deste um.
Ou seja, se uma rede neural natural for cultivada e adicionada a uma máquina, ela tentará fazer uso desta máquina como seu corpo. Claro que para dar certo ela precisa de estímulos suficientes para isso.
Da mesma forma, se colocarmos uma rede neural acoplada em nossa cabeça, creio que nossa mente tentará fazer uso dessa arquitetura nova, colocando memórias, fazendo ligações neutrais que vão até ela e por fim essa parte da gente vai fazer tão parte quanto o restante do cérebro a ponto que se remover seria como remover parte de nosso cérebro natural.
Fico a imaginar então o que aconteceria se depois de anos fosse removido e implantado em outra pessoa. Se for uma pessoa saudável haveria transplante de memórias ? Memórias da primeira pessoa passaria para a segunda? Seria possível que a concsiência da pessoa iria para a segunda e se fundiria? Ou se colocado sobre uma mente morta, poderia se multiplicar a consciência? Poderia-se eliminar a morte? Fazer seres imortais, transplantando a consciência de um corpo para o outro?
São perguntas sem resposta, mas que se a ciência que cria interface cérebro X máquina continuar nesse rítimo um dia poderemos ter algumas das respostas. Por enquanto, fica a cargo da ficção.

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